Blog da Pocker: Dia do Bem

Dia do Bem, 25/01/12-Pça Princesa Isabel
Região da Cracolândia

Centenas de usuários de crack entre outras drogas e, moradores de rua, estiveram presentes no Dia do Bem- evento promovido pela Rede Social do Centro com o apoio da prefeitura de São Paulo. Os números comprovam a sede que os dependentes químicos têm de uma imediata internação. Até o meio da tarde da quarta-feira, 25/01 quando a cidade comemora o aniversário de São Paulo, 50 usuários de drogas já haviam se cadastrado voluntariamente para serem encaminhados imediatamente às clínicas de tratamento. Na maior parte, particulares, dirigidas por evangélicos que dividem entre si as despesas da internação. Já as internações através da Secretaria Municipal de Saúde seguem uma burocracia que impede o encaminhamento imediato do drogado. O mesmo tem de passar obrigatoriamente por uma triagem, depois pela CAPE - Central de Atendimento Permanente e de Emergência e somente depois de uma avaliação médica a entidade pública decide pela internação, ou não. Ou seja, um procedimento falível, ineficaz e incabível para pessoas viciadas em situação de rua.
Lucimar, ex-drogada e mãe de Isabele que é viciada em crack, ficou decepcionada, a ponto de chorar quando soube que não havia vaga imediata através da Secretaria de Saúde. E, na particular sobrava somente para homens. Se a filha não fosse levada neste mesmo dia para uma clínica, à noite já estaria fumando, já que "é impossível segurá-la, os amigos do centro aparecem mais tarde e fica impossível recusar. Tem que ser agora, até porque ela quer a internação", declarou Lucimar que foi ao evento na esperança de salvar a filha das drogas.
Este não foi o único caso de drogadas que queriam a internação mas não encontraram espaço nas clínicas públicas em virtude da inaceitável burocracia da Secretaria Municial da Saúde.

Felizmente a presença da vice-prefeita, Alda Marco Antonio ao evento foi produtiva. Quando reclamei diretamente à vice-prefeita sobre a burocracia da Secretaria de Saúde, imediatamente ela pediu aos seus assessores que
acionassem a Secretaria de Saúde do Estado, a qual havia dedicado 38 vagas à prefeitura. Final feliz às usuárias que, até então, lamentavam o descaso. Alda Marco Antonio não se furtou de nenhuma abordagem popular e sua presença no evento tinha um ar mais humanitário do que político, na minha opinião. Na foto ao lado, Lucimar e a filha Isabele, recebem oração das "Déboras" da Igreja Batista do Povo. Alguns minutos após a oração, veio a notícia da disponibilidade de uma vaga. Desta vez, a mãe Lucimar, chorou de emoção chegando a desmaiar.

Números do evento
84 internações voluntárias
50 atendimento pela Secretaria Municipal da Saúde (encaminhamento UBS, Sta Casa, tratamento)
300 cortes de cabelo
700 atendimento da Cruz Vermelha (detectados 5 usuários com hepatite C)
1.000 lanches doados pela prefeitura - distribuídos pelo Exército da Salvação
500 voluntários

Resumo da ópera: Eles precisam de nós, nós precisamos deles para sermos alguém com um mínimo de valor, a igreja precisa dos órgãos públicos e tais órgãos precisam do trabalho, intercessão e amor da igreja. Temos que entender de uma vez por todas que uma andorinha não faz verão. Nós, somos eu, você, órgãos públicos, igrejas, ongs e quem mais achar que pode resolver um problema de saúde, de polícia, social e espiritual, sozinho.
Sentindo-me bem melhor por hoje, até a próxima,
Monica

Abaixo, usuários de crack e moradores de rua se alimentando com os lanches distribuídos e gerenciados pelo Exército da Salvação; meninas gestantes ainda sob o efeito da droga; viciada fazendo exame na tenda da Cruz Vermelha (detectado Hepatite C); mãe com dois filhos pequenos e à espera de mais um; pé de adolescente com queimadura; homossexual recebendo oração; voluntários de igrejas orando por moradores de rua; usuários em transe; homem procurando alimento em lixo.